Fui vítima do Golpe do PIX: o que fazer para recuperar meu dinheiro?

Nos últimos anos, o sistema de pagamentos instantâneos PIX tem sido alvo de golpes financeiros, preocupando consumidores e instituições bancárias. Neste cenário, decisões judiciais recentes têm se destacado, demonstrando a responsabilidade dos bancos em casos de fraude e as medidas que consumidores devem tomar ao perceber um golpe.

O que fazer ao detectar que foi vítima de fraude no PIX?

Ao detectar um golpe do PIX, é vital agir rapidamente:

  1. Contato Imediato com o Banco: A primeira ação é entrar em contato com o banco para solicitar o bloqueio das transações.
  2. Documentação dos Protocolos: Anote todos os protocolos fornecidos pelo banco durante a comunicação.
  3. Registro Escrito: É importante registrar todas as informações por escrito, seja através de e-mails, reclamação no Procon ou no site consumidor.gov.br. 

A agilidade nessas ações aumenta as chances de recuperação do dinheiro.

Se o banco falhar em bloquear as transações ou agir lentamente, pode ser condenado a indenizar o cliente por todos os prejuízos, tornando-se essencial manter todos os documentos salvos.

Mesmo nos casos em que a culpa é exclusiva do cliente, quando por exemplo envia o PIX para terceiros achando que está falando com alguém do banco, caso tenha adotando as providência acima, poderá responsabilizar o banco futuramente caso não haja devolução do dinheiro.

Casos Judiciais Relevantes

O Nubank, por exemplo, foi condenado em um caso julgado pelo juiz Renê José Abrahão Strang, da 1ª vara Cível de Ribeirão Preto/SP, a ressarcir e indenizar uma vítima de transferências via PIX e lançamentos fraudulentos. O juiz apontou a ineficácia do sistema de segurança do banco em reconhecer movimentações anormais, atribuindo ao banco a responsabilidade pelos danos.

O TJ-MT (Processo 10001318820228110006) entendeu que após comunicação imediata do golpe ao banco, cabe à instituição minimizar danos e investigar o ocorrido. A falta de diligência do banco em prevenir danos maiores caracteriza dano moral.

O TJ-SP (AC: 10505845920218260506) reconheceu a falha da instituição financeira ao lidar com um golpe do PIX. A decisão enfatiza a responsabilidade dos bancos em adotar medidas eficientes para prevenir fraudes.

O TJ-PR (00200936720218160182) destaca a falha na prestação do serviço bancário e a responsabilidade da instituição financeira em utilizar mecanismos de bloqueio cautelar de valores, conforme a Resolução BCB Nº 147, para prevenir danos aos consumidores.

As decisões judiciais ressaltam a responsabilidade dos bancos em garantir a segurança das transações via PIX e em responder prontamente aos casos de fraude. Para os consumidores, é crucial agir rapidamente ao perceber um golpe, documentando todas as ações e comunicações para aumentar as chances de recuperação do dinheiro e possível indenização em casos de negligência bancária.

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Dr. Michael Graça

Michael Graça é advogado especialista em Direito Eleitoral e Improbidade Administrativa pela Fundação Escola Superior do Ministério Público de Mato Grosso. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político - ABRADEP. Especialista em direito do Agronegócio. Técnicas de negociação pela FGV/SP.